Relato parto natural, nascimento do Antonio

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Já no hospital percebi o quanto era difícil um parto natural acontecer, fiquei conhecida lá como “a menina do parto natural”. As pessoas não conhecem e tão pouco entendem o pq de alguém querer sentir tanta dor. Eis aqui o texto que vai explicar o pq falei tanto sobre isso durante os 9 meses de gestação, o pq fiquei tão chata sobre o assunto e o pq defendi tanto o parto natural, sem nenhummm tipo de intervenção. Eis aqui o texto que explica o pq aguentei ser chamada de doida e ainda continuar sorrindo! Era sentir isso, ter essa experiência, criar esse vínculo com meu filho e com meu marido, era isso que eu buscava. Espero do fundo do coração que ele inspire as futuras mamães a quererem passar por essa experiência. Vocês jamais se arrependerão. Nós fomos feitas para isso, não deixem que médicos despreparados e mentiras deslavadas tirem essa oportunidade única na sua vida e na do seu filho!

Veja o vídeo do parto AQUI.

parto natural humanizado relato

 

“É tão difícil e tão emocionante começar a escrever sobre o dia mais transformador da minha vida! Não existe sensação melhor do que a do dever cumprido, e é assim que estou me sentindo. Vamos ao relato. 


Na madrugada de sexta 01/08 p sábado 02/08 comecei a sentir coliquinhas, mas não tinha a mínima ideia do q se tratava. Pela manhã as “cólicas” começaram a ficar mais fortes e a vir de 40 em 40 minutos. Foi nesse momento q tive certeza de que eram contrações, nunca senti uma cólica tão forte como
aquela, então eram as tão esperadas contrações. Passei o dia deitada e tentando descansar, dormi um pouco a tarde e comi normalmente. As contrações vinham de 40 em 40 minutos, depois de 30 em 30 e depois sumiam. De sábado p domingo não dormi de madrugada (coisa que já estava acontecendo nos últimos dias) fui dormir pela manhã com as contrações ainda com o mesmo espaçamento. Cheguei a pensar que talvez fossem as contrações de treinamento, já que eu não tinha tido nenhuma até então. Consegui ir ao mercado, comi normalmente e as contrações continuavam fracas e espaçadas. Na madrugada de domingo para segunda, às 4:00 da manhã senti uma contração absurda, forte, daquelas de ter q se esticar toda… Passou! Vieram mais 3… Passou! Marquei o tempo… 30 minutos mais ou menos. Fui deitar p tentar dormir, pior coisa q fiz! A dor aumentou cada vez mais, tive q sair da cama e entrei no chuveiro, resolvi não avisar meu marido pq precisaria dele descansado durante o trabalho de parto! Enquanto ele dormia, fiquei 1 hora embaixo d’água… Que alivio! A dor caiu pela metade! Ok é aqui que vou ficar. Passou mais uns 30 minutos e lá vem a dor de novo! Ok não aguento mais ficar na água. Enquanto meu marido foi resolver as coisas do trabalho pelo celular eu fui terminar de arrumar as coisas para a maternidade. Rss foi horrível, mas eu precisava terminar. Pegava uma roupa, ficava de 4 e esperava a contração passar, pegava outra e ficava de cócoras p aguentar a dor! Em 1 hora terminei tudo e voltei p banho, ficar fora da água já era insuportável! Resolvemos ligar p nossa Doula, eu tinha uma consulta marcada com ela p esse mesmo dia, ligamos p avisar que eu já estava sentindo as contrações. Ela pediu p tentar comer, monitorar e retornar a ligação em 1 hora. Meu marido teve q me levar um sanduíche dentro do chuveiro, eu n tinha mais forças p sair de lá. Em uma hora as contrações chegavam de 5 em 5, 6 em 6 e oscilava, a doula achou melhor irmos p ksa dela e continuar o trabalho de parto lá, já que era mais próximo ao hospital. Clarooooo o marido não tinha arrumado a mala tão pouco as câmeras. Enquanto ele arrumava tudo eu continuei
no chuveiro, sentada no chão, só suportando a dor. (Que agora sei que eram cócegas perto do q estava por vir) kkkkk. Saímos de casa perto das 14 horas e chegamos na doula perto das 15hs. Lá ela tem um espaço para as Gravidinhas, com música, velas e massagens. Fiquei nesse cantinho tentando relaxar até às 20hs, quando as contrações se tornaram ritmadas e fortíssimas! A doula ficava do meu lado, trazendo suco, chocolate, bolo… Tudo p me manter forte durante o trabalho de parto. O marido sempre comigo, fazendo massagens e avisando a família que talvez nascesse ainda na segunda-feira. Cheguei no estágio de gritar de dor, isso significava que estava na hora de irmos p hospital! 4 km de trânsito, buracos e contrações! Tensooo. Passei pelos procedimentos de entrada no hospital! Iuhuuuu 6 cm de dilatação, isso às 8 da noite. A partir deste momento, não tenho mais certeza de tempo, pessoas ou palavras. Minha mente se libertou e não faço ideia da sequência dos acontecimentos. Fomos p uma sala de pré parto, a sala humanizada que tanto desejei estava interditada! Um absurdo!!! Entrei no chuveiro e não sai de lá por nada. As dores foram aumentando e ganhando muita
Intensidade. A doula continuava no quarto porém me deixou sozinha com o marido no banheiro, só nós dois, luz apagada… Ele sentado, só me observando. A água quente me ajudava, mas a dor me surpreendeu, ooohhhh se surpreendeu! A obstetriz chegou, minha GO estava em outro parto e ela veio para me acompanhar até a médica chegar. Mais um toque, 8cm de dilatação! Vamos q vamos que ainda pode nascer hj!!!! Força Dani, faz força. Grita… Grita com muita força! Sente seu filho. Puta q o pariu que dor do cão é essa? Socorroo! Ok! Senta no chão. Não não dá! Fica em pé. Ardiaaaa, fica de 4, nossa eu não acho posição!!!! Odiei a bola, odiei mesmo. O jeito foi ficar variando de posição, tentava ficar em pé e ao vir a contração me abaixava com tudo e fazia uma força que n sei de onde vinha. Isso durou mais ou menos, 4 horas. Foram as horas mais reveladoras, as que me transformaram, as que me mostraram que não basta querer, vc tem que lutar muito p ser mãe. Essas horas me mostraram o quanto sou forte, elas criaram a Mãe do Antonio, me mostraram que não há nada no mundo que eu não possa conseguir! Exatamente nada. Saía do meu corpo por instantes, as vezes sentava no chão e amolecia, talvez dormia, não sei… pensava em desistir, não… Vamos de novo! Levantava e aguentava mais um punhado de contrações. Meu marido não saiu 1 minuto se quer do meu lado, pelo contrário. No meio do parto ativo, descobrimos que se ele apertasse meu quadril, aliviava a dor e, por isso, ele não conseguiu mais sair do meu lado, em todas as contrações gritava por ele e ele vinha. Entrou no chuveiro comigo, de roupa e tudo! Me apoiou do começo ao fim. Me incentivou a pensar positivo, a pensar no nosso filho e me lembrava a todo instante o quanto eu esperei p sentir essa dor. Minha médica chegou! Graças a Deus, já estava pensando que não daria tempo! (Tolinha, passei mais 3 horas em trabalho de parto) Cheguei aos 9cm de dilatação, isso já era perto de 11 da noite. Uauuuu 9cm p mim era vitória, quantas mulheres ouvi dizer q n conseguiram parto normal pq não dilataram! Eu consegui, eu esperei, eu sofri! Cheguei aos 9. Falta só um… Vamos lá! Dor… Muita dor. Uma dor que se quer sei descrever. Coisa de dentro, que envolve sentimento, envolve amor, envolve paixão, uma história vivida por duas pessoas que agora gerou um ser! Um ser amado e esperado que está lutando p nascer. Vem filho!!! Puta q o pariu que dor é essa!!!! Meu deus, meu filho deve ter uns 5kg só pode. Foco, foca Dani. Eu já não comia há horas, não dormia há 3 noites, meu corpo estava exausto e começou a se entregar, comecei a gritar que não aguentava mais, não conseguia chorar, não conseguia falar, apenas gritar! Fiz um escândalo, mas afinal, o que seria de um parto natural sem os gritos? Minhas pernas começaram a tremer e desmoronei, sentei no chão e me entreguei. Fraca, sem forças, no escuro e meu marido do lado. Só falei… Não to aguentando mais. Meu marido cumpriu o papel dele, amor vc já ta no fim, fica forte, toma suco, quer chocolate? E eu jogada no canto do banheiro, acabada! Não sei o que houve, as contrações diminuíram e começaram uns burburinhos do lado de fora do banheiro, falavam entre si e nada p mim! Comecei a ficar tensa, já pensou se o trabalho de parto para? Deus q me livre! To qse morrendo, ele precisa nascerrrrrr. Amor? O que elas estão falando? Nada amor, relaxa! Amor fala sério! Elas estão preocupadas? Estão amor, talvez vc ficando aí seu trabalho de parto não engrene! Vc precisa fazer força. Ok! Respirei fundo e levantei, uma contração arrebatadora veio de uma vez. Gritei feito louca, eu queria aquilo… Eu planejei aquilo, filho por favor… Vem!!!! Vieram mais umas 5 contrações. Escutei alguém falando, “agora vai” mas minhas pernas já não aguentavam mais, minhas mãos tremiam e o medo começou a me pegar, comecei a falar repetidamente que não conseguiria, que não aguentava mais aquela dor. Eu tinha combinado comigo mesma que não pediria anestesia, combinei com meu marido que ele negaria se eu pedisse, eu se quer contratei um anestesista. Mas só que passa pelo parto natural sabe onde nossa cabeça vai parar. Eu já estava esgotada, fiz de tudo p aguentar, mas já estava fraca de tanto suportar a dor. Pedi para chamarem minha médica, foi o momento mais difícil p mim, a palavra anestesia saiu da minha boca, perguntei o que aconteceria se eu tomasse a anestesia. Graças a Deus que troquei de médico no meio da gestação, nessa hora eu tive a certeza que fiz a escolha certa! Ela me olhou e falou calmamente, antes de falarmos sobre anestesia, vamos tentar uma coisa? Vc vai sentar na banqueta, vou fazer o toque em vc e quando a contração vier, vc vai empurrar como nunca empurrou antes, vamos tentar? Eu, no auge da minha dor apenas balancei a cabeça concordando, o que mais eu poderia sentir além daquilo? Sentei, assim que ela fez o toque a contração veio, só consegui falar… Tá doendo muito, e ela respondeu, vai! Agora!! Empurra!!!! E empurrei. Empurrei com todas as minhas forças, com todos os meus sentimentos, com todos os meus medos e com todo meu empenho por aquele parto. Hoje, 7 dias depois, já não consigo mais descrever a dor. Sei que foi reveladora, mas já n lembro da dor física! Ao empurrar entrei em êxtase, sai de mim. Minha médica apenas sussurrou… Pronto! Dilatação total. (Depois ela me contou que ajudou a cabeça do Antonio a passar pela minha pelve) E me perguntou se queria encostar no meu filho. Eu n estava mais ali… Ela continuou falando, segue meus dedos… E fiz isso. Coloquei meus dedos sobre os dela e deslizei até chegar ao meu filho, senti a cabeça dele dentro de mim. Neste momento tudo veio à tona, todo o choro preso, toda a coragem que estava tentando ir embora, toda a vontade de ver meu filho. Só perguntei, é ele? E ela balançando a cabeça disse sim, é ele! A partir deste momento entrei no período expulsivo, a Dra. continuou a sussurrar, Dani, agora nós precisamos ir p uma outra sala pq ele vai nascer e não pode nascer aqui. Eu só estava sendo conduzida, meu corpo estava trabalhando sozinho, eu já n comandava mais as contrações tão pouco a vontade de empurrar. Fui andando até a outra sala, sim! Eu aguentei!!! E no meio do caminho veio a vontade de empurrar, mas empurrar muito! Ok, passou… Continua andando. Ao chegar na sala, todos corriam, muita pressa, um colocava lençol no chão, a outra trazia a banqueta, o pai colocava a câmera presa na cabeça para filmar e eu me apoiava numa maca e empurrava! Sentei na banqueta e senti uma vontade louca de empurrar, elas me guiavam em como devia empurrar, mas sinceramente, eu n escutava uma palavra! A dor não diminuiu depois da dilatação total, ela apenas mudou. Era uma dor diferente porém com a mesma proporção. Eu já não aguentava mais sentir dor e lembro de ter pensado, vou fazer nascer agora, dane-se períneo. Se lacerar eu costuro e fim! E empurrei! Fiz força, prendi a respiração e fiz uma nova força em cima da primeira, senti o círculo de fogo… LOUCURA!!! Vida! Meu Deus, eu consegui. Sou leoa. Agora vai!!! Meu marido estava agachado na minha frente, junto com a médica. De repente começo a escutar, vai amor! Força, eu to vendo ele, eu to vendo a cabeça dele, vai amor! Ele vai nascer. Nessa hora a mãe do Antonio resolveu aparecer e comandar meu corpo. Não parei de fazer força até a cabeça dele sair, Meu Deus, saiu, ele está aqui! Eu to vendo ele, senti a cabeça dele, quanto cabelo. Dani, na próxima contração vc vai empurrar e ele vai sair, vai com calma. CALMA? Não teve p calma, eu sabia que poderia me machucar, mas não me importei. Precisava ter meu filho comigo. Empurrei ele de uma vez, só deu tempo de o pai colocar a mão embaixo de mim para segura-lo. Nesse momento eu estava completamente ocitocinada! Olhava fixo para meu filho sem reação alguma, o pai aos prantos com o filho nas mãos. Todos saíram do meu campo de visão, só vejo meu filho e o pai, Antonio veio diretamente p meu colo, todo ensanguentado e chorando! Ali ficou durante 2 horas, sem nenhuma intervenção desnecessária, sem ninguém encostar nele. Só eu e o pai! Nossa família. Nosso pilar! Vi minha placenta perfeita, o pai cortou o cordão após ele parar de pulsar e chorou. Ver meu marido, que n chora nunca, chorar feito criança foi emocionante. Ver o que um filho é capaz de fazer por um casal é assustador de bom. Ver a felicidade do meu marido em ter participado ativamente e indispensavelmente do meu trabalho de parto é revigorante para qualquer relacionamento. Dia 05/08/14 às 01:08 eu renasci, descobri que querer é pouco e que passar por um parto natural é atingir o ápice da vida de uma mulher!!! Prazer, sou Daniela Kalsovik e meu filho nasceu num parto natural transformador”.

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18 comentários em “Relato parto natural, nascimento do Antonio

  1. Andréia Resende on

    Nossa Dani, que relato, que texto, que história! Eu chorei, me senti como se estivesse ali com vc, só consegui pensar: quanta coragem, quanto amor e quão lindo deve ter sido, embora dolorido e difícil.
    Ainda não tenho planos de ter filhos, mas qndo os tiver penso muito no parto natural e amo ler os relatos corajosos e inspiradores.
    Parabéns pra vc, que Deus abençoe sua família e a chegada do novo bebê. Muita força, muita luz e muito mais amor.
    Um beijo de uma leitora assídua

  2. Ana Rita Barbosa on

    Dani, parecia que eu estavam aqui sala de parto! Foi muito real!! Me tire a dúvida…sobre o períneo. E a mulher quem controla para que não se “rompa”? Não sei bem o que é! Obrigada por compartilhar!!! Que família linda

  3. Beatriz on

    Que lindo Dani! Parece que eu estava lendo o relato do meu próprio parto (do segundo, pq o primeiro caí na cesárea).
    Fico feliz de ver que não foi somente eu que nos minutos finais quis, quase implorei pela anestesia hahahahaha só que médica conversou calmamente comigo e me explicou que ele já estava quase saindo e reforçou para mim os contras sobre a anestesia e realmente após 5 minutos do meu pedido de anestesia meu filho nasceu. Pensei o mesmo: “dane-se o períneo, to cansada” rsrs mas deu tudo certo graças a Deus
    Tô doida pra ler o relato do parto do Bernardo :) (há o nome do meu filho mais velho também é Bernardo)

  4. Fernanda Barros on

    Ahh, que lindo! Tb pari no São Luiz, com a Betina e a Sandra de equipe (além da minha doula), em Outubro/15.

  5. danikalsovik on

    Oi querida, na verdade a mulher consegue controlar a velocidade com que o bebê sai por conta da intensidade que empurra, mas não necessariamente ela consegue controlar se vai lacerar ou não. É que o risco de lacerar é muito maior quando ela empurra de uma vez, com toda força, do que se ela deixa o corpo agir sozinho depois que a cabeça sai. Eu não consegui aguentar as dores e esperar ele virar e sair por completo sozinho, então empurrei com toda força nos dois partos, no primeiro nada aconteceu, no segundo eu lacerei já que Bernardo era grande demais. Vou contar sobre isso na próxima parte do relato rss Beijos

  6. danikalsovik on

    Oi Andréia, que bom que você nos acompanha, fico muito feliz em saber que gosta. Tomara que você se inspire e tenha partos lindos pra contar p gente tbem, tá? Beijossss

  7. Renata (@pretoerenata) on

    Dani, uhau que coragem que guerreira, emocionante! Tbm li o relato do parto do Bernardo agora muita admiração por sua coragem sua decisão e a sua força incrível!!
    As lágrimas vêem na leitura, imagina lá no momento.
    Por vc a Admiração é gigante, parabéns
    Acima de tudo vc acreditou em vc mesma e nos meninos! Incrível e muito lindo.

  8. danikalsovik on

    Obrigada, querida! foi demais mesmo, né? Me arrepio só de lembrar, emoção demais rss. Beijos e fico muito feliz que tenha gostado.

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